25 de abril de 1974

25-04-2020


Sei que o 25 de abril foi há dois dias, mas o facto de só ter tido tempo de escrever agora não quer dizer que tenha de deixar tão importante dia passar em branco.

Aqui fica:

Eram 00:20 de dia 25 de abril quando se ouviu "Grândola, Vila Morena", pela voz de Zeca Afonso. O hino da liberdade. Já não havia volta a dar, a Revolução estava em curso. Era o fim de décadas de ditadura, de repressão de ideias, personalidades, vontades... Nascia um país novo, espera nçoso e, acima de tudo, livre. Hoje era o verdadeiro primeiro dia das vidas dos portugueses.

Com muito orgulho me digo, filha ou neta, provavelmente, neta desse abril saudoso. Somos descendência do que se passou há 46 anos e, hoje, sabemos que há "Em cada rosto igualdade".  

Sou nova ainda e, também por impedimento de viver num meio pequeno, nunca tive oportunidade de festejar este dia. Se tudo correr bem, falta pouco para finalmente sentir Lisboa aos pulos.

Creio que não há e nem nunca haverá dia mais significativo na história, para mim, que o 25 de abril de 74. É único e representa algo inexplicável. É ter voz para falar e pernas para andar, é ter a chave para todas as portas, é ser sócia maioritária da minha vida, é ser quem eu quiser ser, isto porque homens e mulheres concretizaram uma revolução em nome de todos os portugueses do passado, do presente e do futuro, devolvendo-me a concretização e poder sobre o meu destino e oferecendo-me a felicidade.
Será sempre a afirmação da dignidade humana, da igualdade, da democracia e, acima de tudo, da liberdade.
Realço liberdade, essa palavra mágica que não tem preço. E refiro democracia que foi sempre imperfeita, é certo, mas uma democracia.

Nunca mais quereremos estados que se dizem novos, sendo nada mais, nada menos que apenas velhos e podres. (Aos distraídos, alusão ao Estado Novo, regime salazarista.) E muito menos fascistas que se pensam intocáveis. Não temos mais medo!

Esta história eu quero trespassar aos meus filhos e netos, tal como fizeram comigo. Mostrando-lhes o orgulho que tenho em ser portuguesa, a plenos pulmões                    ensinar-lhes-ei o nosso grandioso hino, esse que considerarei sempre a canção mais emocionante e arrepiante cantada em português.

A liberdade conquista-se todos os dias, dia após dia, dia após dia. Hoje podemos não encher as ruas, mas somos todos resistência.
Façam-se ouvir e lutem por aquilo que acreditam. Sempre.

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